quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Clube do Filme (Martha Medeiros)

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Sem energia elétrica e sem internet durante horas a fio. Foi assim que fiquei hoje desde cedo. Quase surtei, porque tinha dois textos para enviar ao jornal Zero Hora e ainda precisava revisá-los, e o prazo de entrega se esgotando. Mas mágica eu não podia fazer, só me restava esperar pela benevolência suprema. Enquanto a energia elétrica não voltava, resolvi pegar um livro - e não consegui soltá-lo mais até chegar na última página.
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Estou falando de O Clube do Filme, do canadense David Gilmour. Pra quem gosta de cinema, é um deleite. Pra quem gosta de cinema e vida pulsante, é um deleite duplo.
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É uma história real do autor. Ele tem um filho chamado Jesse. Pois Jesse, aos 16 anos, não queria nada com a escola. Era um garoto inteligente, mas totalmente desinteressado pelos estudos. Tirava notas péssimas e estava a ponto de levar bomba. Estava na cara que nunca iria se motivar, então o pai tomou uma atitude radical. Propôs ao guri: quer largar o colégio, largue. E não precisa trabalhar. Mas em troca, você vai assistir três filmes por semana comigo. Filmes que eu indicar, e tem que assistir até o final. Ou isso, ou nada feito. O guri topou na hora.
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O próprio pai questionou muitas vezes essa sua atitude. Não estaria pavimentando o fracasso do seu filho? Não estaria sendo irresponsável? Ou simplesmente preguiçoso? Cheio de dúvidas, resolveu ir adiante. E aí, meus caros, a gente começa a entender como há outras formas de se resgatar uma pessoa que está à toa na vida.
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É bárbaro ver pai e filho comentando filmes que a gente já viu, ou que já ouviu falar: dá vontade de correr pra locadora mais próxima. Mas o bacana é ver a importância do tempo compartilhado entre os dois. Cada filme abre o leque para se discutir sobre diversos assuntos: namoradas, drogas, música, dor-de-cotovelo, trabalho, amizades, tudo! As inseguranças do garoto em relação às mulheres é tratado com muita delicadeza e realismo. Geralmente nos deparamos com personagens exalando virilidade e autoconfiança, quando sabemos que adolescentes entre os 16 e 18 anos não sabem direito como lidar com a rejeição e com essas novas garotas donas do mundo. 
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O livro é sobre a dificuldade e a emoção de crescer, de virar um adulto. Agora imagine aprender um pouco da vida com seu pai através dos comentários dele sobre Clint Eastwood, Jack Nicholson, Sharon Stone, Woody Allen, Marlon Brando, Tarantino... Há espaço pra tudo: filmes de terror, suspense, westerns, trash, blockbusters. Uma viagem!
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Recomendo entusiasmada. O livro é engraçado, é terno, é verdadeiro e não tem nada de didático, não é para cinéfilos profissionais: é para todos nós, leigos e apaixonados pela sétima arte. Está sendo lançado pela editora Intrínseca.
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Boa leitura e beijos!

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2 comentários:

  1. Comprei esse livro no ano passado, mas não consegui passar do primeiro filme... Não deu liga. Mas ele tá lá, na pilha dos que ainda terão uma segunda chance.
    Bj.

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  2. Eu também comprei e dei de presente pro Carlinhos...

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