quarta-feira, 28 de novembro de 2012

As melhores sensações da vida - Fabrício Carpinejar



Não podemos esquecer nossa motivação, o que nos faz acordar todo dia. Busquei reunir as melhores sensações da vida:

- Tomar o primeiro chimarrão da manhã, aquele sozinho, olhando enviesado pela janela.
- Experimentar o feijão na panela.
- Raspar o brigadeiro com colher.
- Passar a primeira noite acordado com o filho no colo olhando os farois dos carros iluminando as paredes da sala.
- Gozar exatamente no mesmo tempo que ela.
- Andar de mãos dadas de dia e andar de pés dados de noite com sua mulher.
- Sentir o geladinho dos lençóis novos.
- Jogar futebol na chuva, e fazer questão de dar um carrinho na poça.
- Beijar a boca de sua esposa e ficar respirando a respiração dela.
- Comemorar gol de seu time no último minuto de virada num Gre-Nal.
- Pisar na fofura da praia.
- Tirar os sapatos depois de dançar a noite inteira.
- Abrir o vidro do carro e nebulizar o rosto subindo a serra.
- Ouvir um disco que você gostava e que fazia muito tempo que não colocava para tocar.
- Barbear o rosto e sair com a face ardendo no vento.
- Atravessar a madrugada cantando músicas bregas com os amigos.
- Assistir dois filmes emendados no cinema e deixar a sala só de noite.
- Descobrir um aumento inesperado no salário.
- Deitar numa banheira de hidromassagem, e ficar até cair a pressão.
- Arrumar o armário depois de receber roupas novas.
- Dormir os cinco minutinhos de tolerância do alarme.
- Pegar um edredon, deitar com a patroa e comer pipoca acompanhando filmes antigos.
- Encontrar o cachorro nos esperando sentado diante da porta.
- Escutar do filho que ele aprendeu aquela lição contigo e que isso ajudou na prova.
- Querer muito alguma coisa e esquecer, para ganhar de presente.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A melhor versão de nós mesmos (Martha Medeiros)


Alguns relacionamentos são produtivos e felizes. Outros são limitantes e inférteis. Infelizmente, há de ambos os tipos, e de outros que nem cabe aqui exemplificar. O cardápio é farto. Mas o que será que identifica um amor como saudável e outro como doentio? Em tese, todos os amores deveriam ser benéficos, simplesmente por serem amores. Mas não são. E uma pista para descobrir em qual situação a gente se encontra é se perguntar que espécie de mulher e que espécie de homem a sua relação desperta em você. Qual a versão que prevalece?

A pessoa mais bacana do mundo também tem um lado perverso. E a pessoa mais arrogante pode ter dentro de si um meigo. Escolhemos uma versão oficial para consumo externo, mas os nossos eus secretos também existem e só estão esperando uma provocação para se apresentarem publicamente. A questão é perceber se a pessoa com quem você convive ajuda você a revelar o seu melhor ou o seu pior.

Você convive com uma mulher tão ciumenta que manipula para encarcerar você em casa, longe do contato com amigos e familiares, transformando você num bicho do mato? Ou você descobriu através da sua esposa que as pessoas não mordem e que uma boa rede de relacionamentos alavanca a vida?

Você convive com um homem que a tira do sério e faz você virar a barraqueira que nunca foi? Ou convive com alguém de bem com a vida, fazendo com que você relaxe e seja a melhor parceira para programas divertidos?

Seu marido é tão indecente nas transações financeiras que força você a ser conivente com falcatruas?

Sua esposa é tão grosseira com os outros que você acaba pagando micos pelo simples fato de estar ao lado dela?

Seu noivo é tão calado e misterioso que transforma você numa desconfiada neurótica, do tipo que não para de xeretar o celular e fazer perguntas indiscretas?

Sua namorada é tão exibida e espalhafatosa que faz você agir como um censor, logo você que sempre foi partidário do “cada um vive como quer”?

Que reações imprevistas seu amor desperta em você? Se somos pessoas do bem, queremos estar com alguém que não desvirtue isso, ao contrário, que possibilite que nossas qualidades fiquem ainda mais evidentes. Um amor deve servir de trampolim para nossos saltos ornamentais, não para provocar escorregões e vexames.

O amor danoso é aquele que, mesmo sendo verdadeiro, transforma você em alguém desprezível a seus próprios olhos. Se a relação em que você se encontra não faz você gostar de si mesmo, desperta sua mesquinhez, rabugice, desconfiança e demais perfis vexatórios, alguma coisa está errada. O amor que nos serve e que nos faz evoluir é aquele que traz à tona a nossa melhor versão.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

SEGUNDAS INTENÇÕES DA MULHER - Fabrício Carpinejar


Mulher sempre tem uma segunda intenção ao escolher um presente para o homem. O laço é uma algema secreta. Ela não compra por comprar, é uma consumidora experiente, conhece o shopping como ninguém, escolada no provador de roupa. Não iria oferecer um presente à toa. Não dá ponto sem nó. Todo mimo carrega um significado simbólico, especial, definitivo.
 
Pode reparar: homem é capaz de dispensar a embalagem, a mulher jamais. O embrulho indica o envolvimento emocional, assim como o cartão autentica as flores.
 
Seu consumismo não é fútil, mas espirituoso. Gasta a favor de uma mensagem oculta, de um sentido para a relação a dois.
 
Disposto a ampliar os serviços do Procon, criei o Código Masculino de Defesa do Consumidor:
 
1 ) Quando a mulher compra CD ou livro para você, ela tem vontade de ser sua amiga. Ainda não traduz nenhum movimento de posse.
 
2) Quando a mulher compra um perfume para você, o negócio é sério, mostra que está amando. Pretende aniquilar lembranças da ex e acabar com qualquer cheiro do passado.
 
3) Quando a mulher compra cueca para você, denuncia uma louca ansiedade pelo casamento. Procura superar sua mãe e trocar a dependência materna pela sexual.
 
4) Quando a mulher compra caneca ou uniforme esportivo para você, já o enxerga como pai dos seus filhos, indício forte de que deseja engravidar.
 
5) Quando a mulher compra um porta-retrato para você, é um jeito de avisá-lo de que não vem colocando as fotos dela em seu Facebook.
 
6) Quando a mulher compra uma poltrona para você, é uma dominação psicológica, busca substituir o divã de seu terapeuta (é algo como “pare de falar mal de mim para ele”).
 
7) Quando a mulher compra uma almofada para você, tenta frear sua obesidade mórbida. Hora de abandonar os rodízios de churrasco, galeto e pizza e emagrecer um pouquinho só para não morrer.
 
8) Quando a mulher compra um relógio para você, insinua que necessita de mais tempo ao seu lado. Portanto, largue o futebol com amigos e deixe de voltar tarde.
 
9) Quando a mulher compra joias para você, não é uma mulher, garanto, trata-se de um travesti.
 
10) Quando a mulher compra pijama de bolso para você, tem interesse de amansá-lo, castrá-lo, anular futuras amantes.
 
11) Quando a mulher compra uma toalha para você, chegou ao fim da história. Mulher apenas é direta na separação. Não tem nenhuma ambiguidade, ela jogou a toalha mesmo.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Dinheiro que grita - Martha Medeiros


Todo mundo quer ter dinheiro e não há nada de errado com isso, desde que seja conquistado por mérito próprio, sem roubar de ninguém – tampouco do município, do estado e da nação. Dinheiro limpo é bem-vindo: proporciona viagens, prazeres, conforto, cultura, saúde. Saúde não apenas física, mas mental, e não estou falando do fato de poder pagar um analista se for preciso, mas da tranquilidade de não ter dívidas. Uma pessoa sem dívidas dorme melhor, pensa melhor, respira melhor.

Além de limpo e honesto, dinheiro bom é dinheiro silencioso. Que não se exibe, não se pavoneia, não aponta para si próprio dizendo: olhem eu aqui! Conheço milionários que têm com o dinheiro uma relação discreta. Claro que moram bem, viajam, possuem um bom carro, mas não ostentam, não botam seu dinheiro no sol para brilhar e ofuscar os outros. O dinheiro tem que ser elegante como o seu dono. Ninguém precisa lidar com o dinheiro como se fosse um bicheiro.

Mas é como muitos lidam. Mesmo não abrindo a camisa para mostrar suas correntes douradas nem transitando em limusines, ainda assim há quem não se importe que seu dinheiro grite – aliás, até faz questão de ter um dinheiro bem marqueteiro. São mulheres que retiram todas as joias do cofre para exibi-las numa festa, usam bolsas com monogramas gigantes, instalam chafarizes enormes nas piscinas e compram os dias de folga dos empregados porque não toleram a ideia de ir até a cozinha buscar seu próprio copo d’água num domingo.

São homens que andam em carros que valem uma cobertura, pets que vestem Prada, vinhos que são escolhidos pelo preço e namoradas idem, já que, segundo eles, amor verdadeiro é coisa de pobre. O rico que esnoba pessoas humildes tem um dinheiro que grita. O rico que trata a todos com respeito e gentileza tem um dinheiro silencioso. O rico que só gasta com grifes, tem um dinheiro que grita. O rico que investe também no que é popular (e valoriza uma pechincha, por que não?) tem um dinheiro silencioso.

O rico que perdeu o prazer de apreciar as coisas gratuitas da vida, tem um dinheiro que grita. O rico que não perdeu a conexão com aquilo que lhe dava prazer quando não era tão rico, tem um dinheiro silencioso.

Quem dificulta o acesso a si mesmo através de um sem número de assessores, guarda-costas, secretários, agentes e demais bloqueadores humanos, tem um dinheiro que grita. Quem segue disponível para o afeto , tem um dinheiro silencioso.

Costuma-se diferenciar um do outro dizendo que um é o novo rico, e o outro, o rico de berço. Pode ser. Quem nunca teve, se deslumbra. Reconheço que é muito bom viver bem e poder pagar as próprias contas, tenham elas quantos dígitos tiverem. Mas dinheiro deveria ser educado da mesma forma que um filho: nunca permita que ele seja insolente e ruidoso.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

DANUZA LEÃO Sanatório geral (licença, Chico)



O PT se prepara para promover uma grande campanha a favor dos pobres condenados
Sempre ouvi falar que decisão da Justiça não se discute, se acata. Mas não é o que acha o Partido dos Trabalhadores.
Há os que dizem que um passado limpo tem que ser levado em conta na hora da aplicação das penas. Dentro dessa teoria, Marcos Valério não poderia ter sido condenado a 40 anos de prisão, quando o norueguês que matou 77 pessoas foi condenado a 21 anos. E, se o pai de Isabela Nardoni e sua madrasta foram condenados, respectivamente, a 31 e 27 anos de prisão, como então condenar, por crimes que nem foram de sangue, pessoas de "alto valor social", se os crimes destes indivíduos foram apenas de colarinho branco?
Os exemplos se multiplicam, e o PT se prepara para uma grande campanha a favor dos pobres condenados, valorosos combatentes contra a ditadura que lutaram pela volta da democracia. Nesse tempo eles conviveram com o autoritarismo e, pelo visto, aprenderam e gostaram. Eles lutaram pela democracia? Lutaram, sim. Assaltaram os cofres públicos para poderem se perpetuar no poder? Assaltaram, sim. Quem diz isso não sou eu, são os ministros do Supremo Tribunal Federal. E, entre acreditar no que dizem os réus, seus advogados e o PT ou em ministros do quilate de Celso de Mello, Ayres Britto, Marco Aurélio Mello, Luiz Fux, Joaquim Barbosa, fico com os últimos.
Assisti a todas as sessões do mensalão; no início, com alguma dificuldade para entender o que diziam e, depois, já mais familiarizada com o "juridiquês". Lembrei da CPI, dos depoimentos, fiquei sem entender quem enviou o dinheiro para pagar a Duda Mendonça -Mas não é crime enviar dinheiro para o exterior? E quem mandou, afinal?- e confiei no julgamento dos ministros. Afinal, se não se confia no que dizem os ministros da Suprema Corte -tirando uma ou duas exceções-, confiar em quem?
Ainda vamos ter muito tempo para os acórdãos, os memoriais, o recesso do Judiciário, o Natal, o Carnaval e a Semana Santa, tempo é que não vai faltar. E leio estupefata, naFolha, que José Genoino, condenado por corrupção e formação de quadrilha, tem o apoio do PT para assumir uma vaga na Câmara dos Deputados, já que é suplente de um deputado que foi eleito para a prefeitura de São José dos Campos. O PT apoia, e, segundo o presidente do partido, Genoino vai assumir "sem problema algum". Alguém deve estar louco neste país.
Os deputados já condenados continuam deputados, e os ministros do Supremo ainda vão decidir se eles vão perder os mandatos. Mas, na opinião do presidente da Câmara, Marcos Maia -do PT, é claro-, a cassação deve passar pelo plenário. E se a maioria dos deputados for contra a cassação, como é que fica?
Uma curiosidade: que tipo de solidariedade o ex-presidente Lula vai prestar a seus antigos amigos, companheiros que o ajudaram a fundar o partido, que partilharam com ele do poder e que agora estão na pior? Um churrasco seria o mínimo, pela antiga amizade.
E a pergunta que não quer calar: quem é, afinal, Dilma Rousseff? De quem se trata? Às vezes ela faz um agrado à opinião pública e demite alguns ministros, ministros cujas roubalheiras são chamadas de "malfeitos" e foram denunciadas pela imprensa, pois ela não sabia de nada, claro; seus apagões são chamados de "apaguinhos"; quando Lula chama, ela vai correndo a São Paulo receber suas ordens, tipo nomear Marta Suplicy para um ministério, para em troca ela fazer campanha para o Haddad. E já se murmura que lá pelo final do ano, quando as coisas tiverem esfriado, pode haver uma anistia geral aos criminosos, basta Lula querer.
Mas que país.