sábado, 7 de setembro de 2013

Pequenas gentilezas (Leticia Carneirto da Silva)


Já falei de gentileza e sou fã do bordão. Recentemente descobri a caçula desta família. A gentileza pequenininha, aquela que muitas vezes só você sabe que está fazendo.

E dentro da minha busca de passos menores, de caber dentro de um mundo mais sereno e contido, virei fã desta nova possibilidade.
Falei mais cedo de ajudar estranhos. A pequena gentileza é boa em qualquer situação, ainda mais preciosa com quem anda junto com a gente há bastante tempo, quando o desgaste do dia a dia já se instalou...
A pequena gentileza é aquela que vem de pequenos desapegos. Por exemplo, eu sistematicamente tenho oferecido o maior ou último pedaço para o outro. Agradeço por tudo na rua. Até pelo óbvio. Até pelo que é mínimo esperado de educação. Se alguém me dá espaço na rua (mesmo sendo um ciclista contraventor em plena calçada), eu agradeço. Estou banindo do meu vocabulário “não é mais do que sua obrigação”. Porque, afinal, quase ninguém hoje se sente obrigado á cortesia portanto este é bem precioso que há de se valorizar.
Também tenho me esforçado dentro de casa. Geralmente a intimidade propicia uma economia de formalidades. Pedir licença, por favor, agradecer. Não vamos nem falar das famosas brigas por toalhas molhadas na cama, calcinha no banheiro, pasta de dente apertada no meio, tábua levantada e ... Bom , você entendeu.
Por isso me esforço, do alto de 17 anos de vida em comum, para dizer obrigada, oferecer um copo d’água gelado no dia quente. Ainda estou em processo, mas caminhamos.
Gentilezas miudinhas, aquelas em que você tem uma escolha dentro da sua cabeça: “Eu ou ele”? E escolhe ele. O outro.
Gentileza também é desconversar quando viu que tocou num assunto delicado, destes molhadores de olhos. É não comentar se o cabelo novo não é do seu gosto (agradeço a todos que não gostaram do novo visual mas não confessaram!). É também avisar que o zíper está aberto, o dente está verde de couve ou vermelho de batom. Que a saia ficou presa na calcinha.
São pequenas, singelas homenagens e carinhos, pois a vida já é bem cheia de arranhões e tropeços. 

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